Os torcedores mais jovens já devem ter ouvido que, em outrora, este país
chamado Brasil, teve o melhor futebol do mundo.
E teve sim!
Principalmente pelas décadas de 1950, 60, 70, 80 e 90, o
futebol brasileiro não só produzia grandes craques, mas jogava o fino da bola.
Mas vou ser mais enfático em relação a década de 1980,
precisamente para aqueles que não acreditam, usando como exemplo, a Seleção
Brasileira de 1982. Sem sombra de dúvidas, aquele era o nosso futebol, toque de
bola, jogadas magistrais, empenho e raça eram uma constante naquele período.
Não, não foram os europeus que reinventaram o futebol, eles
apenas copiaram a nossa fórmula e colocaram um “temperinho” extra.
Enquanto aqui no Brasil, uma nação movida apenas por
resultados, a “coisa” degringolava pela falta de um novo título mundial da
Seleção, lá na Europa todos se encantavam com a maravilha que era o futebol
brasileiro. Aqui a arte imperava, lá a violência era a tônica dos jogos e eles
queriam inverter esse “jogo”.
Poderia citar inúmeros jogos como exemplo, mas os mais
impressionantes na minha visão, foram Brasil x Holanda de 1974, onde o “pau”
comeu solto em campo e Brasil x Argentina pela Copa de 1982, vencida pelo
selecionável brasileiro em meio a uma partida das melhores que já vi, algo como
se víssemos hoje um confronto entre dois Barcelonas absolutamente iguais, um
show de futebol. Você encontrará o tape completo do jogo no You Tube, assista-o
e se impressione.
Claro que quando se tratava de jogos entre clubes, aqui na
América do Sul, pela Libertadores, os confrontos eram pesados, bem como alguns
jogos que envolviam brasileiros contra paraguaios, uruguaios e chilenos.
Algumas partidas nem mesmo acabavam por conta das brigas corriqueiras, mas
mesmo com tudo que pudesse ocorrer sob os ânimos exaltados, uma coisa era
certa, você veria sempre grande futebol e craques de fazer cair o queixo.
Pelo lado Athleticano, os times de 1982 e 1983 encantavam. E na minha opinião, uma das melhores partidas que vi daquele Furacão foi contra o
São Paulo no Morumbi, pelas quartas de final do Brasileirão de 1983, um jogo
espetacular.
Em virtude das “derrotas” nas Copas de 1982 e 1986, os
brasileiros e principalmente a mídia brasileira, começaram a caça às “bruxas”,
exigindo uma mudança de mentalidade nos esquemas táticos, pedindo prioridade a
um futebol mais retranqueiro e de resultados. Fatal! Aquele futebol arte foi
morrendo aos poucos, ano após ano, sobrevivendo por uns 15 anos, precisamente até
2002.
O último lampejo de futebol bonito que pude acompanhar no Brasil,
coincidência ou não, foi com o Athletico Paranaense de 2004, e amigos, quem não
viu, deveria ver. Um time que jogava por música e dono de um futebol brilhante,
toques clássicos, jogadas irresistíveis, gols magistrais, que acabou, por
interferência direta das entidades ocultas da corrupção do futebol brasileiro,
ficando com o vice campeonato brasileiro naquele ano, algo que se repetiria em
2005 na Libertadores.
Para não deixar o texto cansativo e extenso, vou pular imediatamente
para o ano de 2016, pois foi em 2016 que um trabalho diferenciado e visando um
esquema de jogo “europeu” (que na verdade é brasileiro genuinamente), começou a
ser desenvolvido lá pelos lados do CAT do Athletico, com supervisão do gênio Paulo
Autuori.
Minha chegada ao clube em 2017, me levou a conhecer
diretamente criador e criatura e o início daquele que se tornaria o melhor time
do futebol brasileiro dos últimos 15 anos.
Como é normal em todo trabalho sério e a longo prazo, os
resultados iniciais se mostraram duvidosos ao torcedor do Furacão, afinal o
torcedor Athleticano também é brasileiro e portanto, movido a resultados.
Em 2016 o clube foi premiado com o título regional sobre o
rival e com uma vaga na Libertadores.
2017 poderia ser declarado como um ano falho, perdido, sem
conquistas, sem produtividade, exceto que se analisarmos de lá para cá, foram
exatamente as derrotas daquele ano que colocaram o Furacão no degrau superior do pódio do futebol
nacional. Eis que uma derrota pode tornar-se a maior das vitórias.
Mas como assim?
A infelicidade do clube não se classificar a Libertadores,
tornou possível o replanejamento em todos os setores do futebol. A saída de
Paulo Autuori, vista na época como trágica, abriu as portas para outro
profissional que considero um gênio, Fernando Diniz, mas que por conta de
vários resultados negativos, não tem o mesmo reconhecimento por parte do
torcedor Athleticano. Diniz colocou de maneira mais clara e limpa a ordem de se
jogar bonito e ordenadamente. Os resultados em campo não demonstraram todo o
árduo trabalho desenvolvido pelo profissional.
As grandes reformulações no clube abririam as portas para um
profissional desconhecido e sem um mínimo de credibilidade perante a torcida, Tiago
nunes, que mesmo com reprovação de início e muitos questionamentos no durante,
realizou um regional impecável com o sub-23, sendo campeão e ganhando a
confiança do torcedor.
Tiago Nunes de bobo não teve nada, aproveitou sua estadia no
CAT do Athletico e sugou o máximo de informações possíveis, aliando tudo a sua
experiência e visão de jogo e complementou a obra mais ousada dos últimos 30
anos no futebol brasileiro, UM CLUBE COM ESQUEMA DE JOGO DEFINIDO, hoje, o
único do Brasil!
Claro que como todo torcedor Athleticano, sou sedento por vitórias e títulos e muito me honra ter participado do quadro de profissionais
do clube nos anos de 2017 e 2018, anos que pude acompanhar a seriedade de um
trabalho feito de forma meticulosa e perfeccionista para alcançar as glórias
que até aqui obteve.
Muitos clubes no Brasil começam a flertar com a possibilidade
de desenvolver o mesmo trabalho em seus times, mas não se engane, reeducar o
jogador brasileiro é complicado, difícil, caro e desgastante, e ainda mais,
fazer o torcedor entender que a medida leva tempo e que os resultados tão cedo
não chegarão, torna o trabalho ainda mais propenso ao fracasso.
Eis que me pego pensando, que o resultado considerado desastroso
de 2017, foi também o estopim para construção do campeoníssimo Athletico Paranaense,
que em menos de 2 anos levantou 7 títulos, culminando com um fato único na
história do futebol mundial, o único clube campeão regional, nacional,
continental e intercontinental em menos de 10 meses.
Hoje posso acompanhar o Furacão, não mais esperando apenas vitórias e títulos, mas com o gosto de ir assistir um time de futebol que
joga a moda antiga, com futebol vistoso e que me enche de prazer e orgulho seu torcedor.
Você que ainda vai a campo para ver o adversário, deveria
desde já repensar suas iniciativas, afinal, ver o Athletico já basta para se
satisfazer com um espetáculo completo do verdadeiro futebol arte e de quebra
colecionar grandes vitórias e títulos.
O futuro é do Athletico Paranaense, sem dúvidas, mas há de se
ter paciência em possíveis momentos de desilusão.
Por tudo isso é que a frase “o tempo é senhor da razão”,
proferida pelo excelentíssimo Presidente da República do Club Athletico
Paranaense, Mario Celso Petraglia, se torna mais evidente a cada passo dado e
objetivo alcançado pelo Furacão das Américas.
Rumo ao mundial! Quem viver verá!
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