Amigos, mudei de ideia.
Talvez não. Bem, por uns dias
sim, mas acho que agora não mais.
Na semana passada escrevi sobre
como gostaria que a história se repetisse. Que o Atlético saísse classificado
da Vila Capanema, triunfante sobre o Paraná Clube, assim como ocorreu em 2016.
No entanto, nos dias que
sucederam a crônica do dia 3 de abril, tivemos, no STJD, o julgamento do caso
Getterson, escalado irregularmente pelo J. Malucelli para disputar o Campeonato
Paranaense, que culminou em uma mudança significativa na classificação final do
torneio.
O Rio Branco, que, pelas regras,
teria que se classificar em oitavo, herdou a vaga do Jotinha, que tinha se
classificado em quarto lugar. Nesta brincadeira de mau gosto, os outros sete
times classificados para a segunda fase foram diretamente afetados, pois os
confrontos das quartas de final, se a classificação fosse de fato respeitada,
mudariam. Não seriam, portanto, o que foi homologado pela Federação Paranaense
antes da decisão no Rio de Janeiro.
O que mais me enraiveceu, no
entanto, foi o fato de que se tratava de um resultado anunciado. Todos com um
mínimo de capacidade cognitiva sabiam das grandes chances de condenação do J.
Malucelli. Mas, mesmo assim, a Federação Paranaense de Futebol optou –
levianamente – por dar prosseguimento ao já fracassado Campeonato Paranaense.
Com o resultado auferido no STJD,
me pus então a perguntar qual era a real função do Atlético nessa disputa.
Servir de muleta para uma entidade corrupta? Dar apoio aos times do interior,
cujo único torneio que participam, em sua maioria, é justamente o campeonato
regional?
Nesta reflexão, me perguntei
inúmeras vezes se deveria me importar com um certame que nada mais faz do que
trazer prejuízos financeiros e técnicos ao nosso time. Uma pergunta martelava
na minha cabeça: o que o campeonato paranaense nos traz de bom? A resposta era
sempre a mesma. Nada. Absolutamente nada.
E foi nesse momento que eu mudei
de ideia.
Desejei que a história não se
repetisse, mas que, ao contrário, fosse bem diferente. Cheguei, por um momento,
a desejar que não fôssemos à Vila Capanema, ou então que deixássemos o pequeno
Paraná passar. Afinal, eles fariam melhor proveito desta vaga, uma vaga que
seria do tamanho deles, e muito inferior ao nosso.
Passei a semana declarando aos
quatro ventos que não me importaria mais com o Campeonato Paranaense. Que, pra
mim, não importaria o resultado do jogo. Vitória ou derrota, tanto faz. Afinal,
quem, em sã consciência, perderia tempo com algo tão mal organizado e depreciativo?
Então, o domingo chegou. Acordei
de bom humor, tal como sempre acontece quando sei que o Atlético irá jogar.
Rapidamente me repreendi, uma voz em minha cabeça me alertava: “você disse que
não iria se importar!”.
Realmente...
Tratei logo de afastar o bom
humor. Como boa teimosa que sou, bati o pé, guardei o fone de ouvido na gaveta
e decidi que não iria acompanhar o meu time neste show de horrores.
Às 17h30, inconscientemente, me
senti levemente agitada. Meu coração mandava sinais de que algo importante
estava prestes a acontecer, mas eu tinha uma promessa a ser cumprida. Não iria
voltar atrás na minha decisão.
Vinte minutos depois, incomodada
com as notícias que apareciam nas minhas redes sociais, me permiti dar uma espiadinha,
uma pequena bisbilhotada. Apenas para ver como o time se portaria, pensei
comigo. Se jogaríamos na defesa ou no ataque, qual era a escalação, se iríamos
com um falso lateral direito e como se portaria nosso meio campo com o
talentoso Biteco jogando como titular.
Seria rápido, pensei
veementemente.
Dado o apito inicial, tentava
imaginar como o time estava postado em campo. O que era para ser apenas uma
espiadinha virou, de imediato, uma análise. O coração entrou no ritmo que está
acostumado a bater quando o Furacão entra em campo. Aumentei o volume.
Verdade seja dita: não seria a
primeira nem a última promessa feita a mim mesma que seria quebrada.
Foi então que tive um novo
momento de reflexão...
Não se trata de acompanhar um
campeonato, mas sim de acompanhar o meu time. Onde quer que seja, contra quem
seja, em qualquer torneio que seja. Quando a instituição Clube Atlético
Paranaense entra em campo, não tenho o direito, como torcedora apaixonada, de
não torcer pelo seu sucesso.
Que fique claro que eu não
passei, de uma hora para a outra, a me importar com um campeonato corrompido. A
minha opinião sobre Campeonato Paranaense continua a mesma: trata-se de um
torneio sanguessuga, vil, quase que pornográfico. Mas, mesmo assim, era o meu
amado Furacão em campo.
Lembrei-me, então, de Fernando
Pessoa, quando, em um dos mais belos poemas escritos na língua portuguesa,
escreveu que "tudo vale a pena quando a alma não é pequena".
Nesse momento aumentei ainda mais
o volume do rádio e rapidamente adaptei o poema:
Tudo vale a pena quando a paixão
não é pequena.
Cada vez melhor vou fazer campanha pra só você escrever no blog
ResponderExcluirbrincadeira o Robson também e ótimo
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