Para começar, uma confusão que acompanha gerações:
Usa-se
“por que” para perguntas, mesmo que implícitas. Exemplos: “Por que ela
ainda não chegou?” e “Ele não sabe por que está aqui”.
Usa-se
“porque” para respostas. Se consegue substituir por “pois”, essa é a
forma correta: “Não foi trabalhar porque estava doente”.
2. Por quê/Porquê
No
final de uma frase, seguido de pontuação (exclamação, interrogação,
reticências), o correto é “por quê”, como em: “Estou chateado. Sabe por
quê?”.
Já o “porquê” tem exatamente o mesmo sentido de motivo ou razão, por exemplo: “Não sabia o porquê de tanta pressa”.
3. De segunda a sexta (certo)/De segunda à sexta (errado)
Outro
elemento de confusão frequente, a crase pode ser explicada como a
junção de duas letras em uma só: a preposição “a” e o artigo feminino
“a”. Então, se você tenta ler uma sentença com “a a” e não faz sentido,
provavelmente não há crase. Logo, o correto é “de segunda a sexta”.
4. A prazo (certo)/À prazo (errado)
Como
no caso anterior, a leitura com “a” duplicado não faz sentido. Além
disso, não se aplica a crase antes de substantivos masculinos, como é o
caso de “prazo”.
5. A você (certo)/À você (errado)
Não há crase antes de pronomes pessoais (eu, você, ele, ela, nós, vocês, eles, elas).
6. Das 9h às 18h (certo)/Das 9h as 18h (errado)
No
caso de horas expressas, há crase quando a preposição “de” aparece
combinada com artigo (de + as), mesmo que implícito como em “horário da
prova: 8h às 11h”. Sendo assim, o correto é “das 9h às 18h”.
7. Mal/Mau
“Mal”
é substantivo quando precedido de artigo, como em “o mal do mundo”, e
advérbio quando acompanha verbo ou adjetivo. Resumidamente, é o
contrário de “bem”.
“Mau” é adjetivo quando vem antes de substantivos, com os quais concorda. É o oposto de “bom”.
8. Mas/Mais
“Mas” é conjunção adversativa e tem o mesmo valor de “porém”, “contudo” ou “entretanto”.
“Mais” é advérbio de intensidade ou conjunção aditiva, indicando adição ou acréscimo. É também o oposto de “menos”.
9. Haver/A ver
“A
confusão entre as expressões se dá porque a pronúncia é a mesma”,
explica o professor Eduardo Calbucci. “Haver” é verbo e significa
“existir”. “Ter a ver” é “ter ligação”.
10. Traz/Trás/Atrás
Segundo
a professora Simone Motta, é bem comum se deparar com trocas de letra
entre as palavras – erroneamente ‘tras’ e ‘atráz’ – por conta da
sonoridade semelhante entre elas. Apesar disso, é fácil diferenciar:
“traz” vem do verbo “trazer” (com Z, portanto); “trás” e “atrás” são
advérbios e indicam posição (“ficará para trás”, “atrás da porta”).
11. Haja/Aja
Novamente
a semelhança sonora induzindo ao erro. Para esclarecer: “haja” é
conjugação do verbo “haver”, de existir. “Aja” vem do verbo “agir”: “Aja
com cuidado”.
12. Interveio (certo)/Interviu (errado)
Esse é um verbo que se conjuga como “vir”, de que é derivado, sendo “interveio” a forma correta: “A polícia interveio na briga”.
13. Vêm/Têm
Os
verbos “ter” e “vir” devem ser acentuados quando estiverem na 3ª pessoa
do plural: “Eles sempre vêm de táxi, porque eles não têm carro”.
14. Em vez de/Ao invés de
Para
indicar apenas uma coisa no lugar de outra, usa-se “em vez de”. Para
mostrar opostos, vá de “ao invés de”, como no exemplo: “Ao invés de ser o
primeiro, ele foi o último”.
15. Onde/Aonde
“Onde”
é o lugar em que alguém ou alguma coisa está. “Aonde” está relacionado a
movimento. Por isso, quem vai, vai “a” algum lugar: “vai aonde”.
16. Demais/De mais
Na
maior parte dos casos, emprega-se o advérbio “demais”, que significa
excessivamente, muito. Já a locução “de mais” é comparável à expressão
“a mais”, como em “nem sal de mais, nem de menos”. “De mais” também é
associada a estranheza: “Não vejo nada de mais naquilo”.
17. Em princípio/A princípio
“Em princípio” assemelha-se a “em tese”. “A princípio” é como “no início”.
18. Uso do hífen
O
prefixo terminado por vogal é separado por hífen se a palavra seguinte
começar com a mesma vogal ou H. Caso contrário, sem hífen. Exemplos:
autoescola, micro-ondas, semianalfabeto, autoestima.
19. Tachar/Taxar
“Tachar” significa “denominar, chamar de, considerar”. Já “taxar” é impor uma taxa ou imposto. Portanto, contextos diferentes.
20. Através de/Por meio de
Expressões
com significados distintos. “Através de” expressa a ideia de
atravessar, indica um movimento físico. “Por meio de” é semelhante a
“por intermédio de” e se relaciona a “instrumento para a realização de
algo”. Portanto, ao começar um e-mail, por exemplo, o correto é “Venho
por meio deste”, e não “Venho através deste”.
21. Vírgula entre sentenças
Quando as duas frases possuírem sujeitos diferentes, usa-se a vírgula antes da conjunção “e”.
Errado: A mãe demorou para chegar e o filho ficou desesperado.
Certo: A mãe demorou para chegar, e o filho ficou desesperado.
22. Eu/Mim
O pronome reto “eu” é utilizado apenas na posição de sujeito do verbo. Nas demais situações, usa-se o pronome oblíquo “mim”.
Errado: Não há mais nada entre eu e você.
Certo: Não há mais nada entre mim e você.
23. Haver/Fazer
Ambos
os verbos, quando indicam passagem de tempo, não ganham plural: “Não
conversávamos havia três anos” e ” Faz três anos que não nos vemos”.
24. Haver/Existir
No
sentido de “existir”, o verbo “haver” não vai para o plural. O verbo
“existir” pluraliza normalmente: “Na reunião, existiam cerca de 60
pessoas”.
Errado: Na reunião, haviam cerca de 60 pessoas.
Certo: Na reunião, havia cerca de 60 pessoas.
25. Assistir ao/Assistir o
Quando
usado no sentido de “ver”, o verbo “assistir” rege a preposição “a”:
“Assistiu ao programa”. Já no sentido de “ajudar” ou “prestar auxílio”, o
verbo vem sem a preposição: “O técnico assistiu o cliente durante a
instalação do equipamento”.
26. Afim/A fim de
“Afim”
pode ser adjetivo ou substantivo e, nos dois casos, é associado a
“parecido”, “similar” e “semelhante”. “A fim de” é locução prepositiva e
está ligada à ideia de intenção ou finalidade, como em “aceitei ir à
festa a fim de conhecê-lo melhor”.
27. Obrigado/Obrigada
Essa regra é muito simples. Homens dizem “obrigado”. Mulheres dizem “obrigada”. Pronto!
28. Bem-vindo (certo)/Benvindo (errado)
O
Novo Acordo Ortográfico não alterou a escrita da palavra “bem-vindo”.
Apesar de novas regras gramaticais em relação ao uso do hífen, ela
continua como antes.
29. Beneficente (certo)/Beneficiente (errado)
A forma correta é “beneficente”. “Beneficiente” não existe na Língua Portuguesa.
30. Menos (certo)/Menas (errado)
Apesar
de memes como “miga, seja menas”, a palavra “menas” não existe na nossa
gramática. Escolha sempre “menos” em suas redações e e-mails formais.
31. Deixa eu escrever/Deixa-me escrever
Quando
os verbos “deixar”, “fazer”, “ver” e “mandar” vêm seguidos de
infinitivo, usam-se os pronomes oblíquos no padrão culto da língua:
“Deixa-me escrever”. Aqui, porém, um adendo. “Esse tipo de construção
com pronomes retos (‘deixa eu estudar’, ‘deixa ele estudar’) está se
tornando cada vez mais comum, fundamentalmente na linguagem oral”,
destaca o professor Eduardo Calbucci, em uma ressalva de que o certo e o
errado podem não ser absolutos se levarmos em consideração a evolução
da língua.
32. Seguem anexos os documentos (certo)/Seguem os documentos em anexo (errado)
Expressões
bem comuns em e-mails. Se funciona como adjetivo, indicando que algo
está ligado, a palavra “anexo” não exige o uso de “em” e deve concordar
em gênero e número com o substantivo a que se refere – no caso,
“documentos”. De outra forma, se o interlocutor quer dizer o modo pelo
qual algo está sendo enviado, é preferível dizer “no anexo” em vez de
“em anexo”.
33. Proibida a entrada (certo)/Proibido a entrada (errada)
O
sujeito da oração é “a entrada”, feminino e acompanhado de artigo, por
isso “proibido” concorda com “entrada”: “Proibida a entrada”.
34. Vamos nos ver amanhã? (certo)/ Vamos se ver amanhã? (errado)
O sujeito do verbo “vamos” é de primeira pessoa do plural (nós), por isso a forma correta é “vamos nos ver”.
35. Senão/Se não
A
escolha depende bastante do que você quer expressar. “Senão” é “caso
contrário” ou “a não ser”. “Se não” mostra uma condição, como em “se não
sabe como fazer, não faça”.
36. Dia a dia/Frente a frente/Cara a cara
Nenhuma das expressões tem acento no “a”. O acento grave não deve ser utilizado em termos com palavras repetidas.
37. Meio-dia e meia (certo)/ Meio-dia e meio (errado)
Quando
a palavra “hora”, aqui implícita, é fracionada, sempre utiliza-se
“meia” – portanto, “meio-dia e meia”. “Meia” é numeral fracionário e
deve concordar em gênero com a unidade fracionada. Outra coisa:
“meio-dia” permanece com hífen, mesmo após o Novo Acordo Ortográfico.
38. Eminente/Iminente
Formas
parecidíssimas, significados diferentes e grande chance de confusão.
Para memorizar: “eminente” está relacionado a qualidade, excelência,
como em “é um profissional eminente”; já “iminente” indica que “vai
acontecer em breve”.
39. Descrição/Discrição
Mais
um caso de grafia e pronúncia semelhantes e significados distintos.
“Descrição” está relacionada ao ato de detalhar algo, reunir
características. Entre seus sinônimos, dependendo do contexto, estão
palavras como “exposição” e “apresentação”. Já “discrição” é a qualidade
de alguém ou algo discreto, que não chama muita atenção.
40. Sessão/Seção
A
forma com S, “sessão”, é o intervalo de tempo em que alguma coisa
acontece, por isso sessão de cinema, sessão fotográfica, sessão da
tarde… Já “seção” é como divisão, uma parte de um todo, daí seção
eleitoral, seção feminina e seção do jornal, por exemplo.
41. Admitem-se vendedores (certo)/ Admite-se vendedores (errado)
No
exemplo, o verbo “admitir” é transitivo direto. Como tal, não exige
preposição entre ele e o objeto da frase e concorda em número com o
sujeito. Portanto, o correto é dizer “admitem-se vendedores”.
42. Precisa-se de vendedores (certo)/ Precisam-se de vendedores (errado)
Já
nesse exemplo, a maneira correta é “precisa-se de vendedores”. Quem
precisa, precisa “de” algo, daí a necessidade da preposição. Como verbo
transitivo indireto, portanto, “precisar” permanece no singular.
43. Supor/Transpor
Os verbos derivados do verbo “pôr” serão conjugados como o verbo primitivo.
Errado: Se você supor que o seu plano dará certo, nós poderemos executá-lo.
Certo: Se você supuser que o seu plano dará certo, nós poderemos executá-lo.
44. Manter/Conter
Os verbos derivados do verbo “ter” serão conjugados como o verbo primitivo.
Errado: Se você manter a rotina de treinos, alcançará excelentes resultados.
Certo: Se você mantiver a rotina de treinos, alcançará excelentes resultados.
45. Tinha chego/Tinha chegado
Existem
alguns verbos, chamados de abundantes, que admitem duas formas de
particípio passado, entre eles “aceitar” (aceitado e aceito), “imprimir”
(imprimido e impresso) e “eleger” (elegido e eleito). “Por analogia,
obtêm-se formas como ‘chego’, ainda não acolhidas pela norma culta”,
explica o professor Eduardo Calbucci. Ou seja, vá de “tinha chegado”.
46. Na minha opinião (certo)/ Na minha opinião pessoal (errado)
“Na
minha opinião pessoal” é um pleonasmo, ou seja, a repetição
desnecessária de uma informação, uma redundância: sua opinião já é
pessoal. Por isso, diz-se apenas “na minha opinião”.
47. Anos atrás (certo)/ Há anos atrás (errado)
“Há
anos atrás” também é um pleonasmo, pois o verbo “há”, nesse sentido, já
indica passagem do tempo. Diga apenas “há anos” ou “anos atrás”.
48. De encontro a/Ao encontro de
Aqui
temos praticamente opostos em termos de sentido. “De encontro a”
expressa conflito, como em “sua opinião foi de encontro ao que ele
acreditava”. Já “ao encontro de” expressa satisfação, “estar de acordo
com”, ir “em direção a”: “Uma lei que vem ao encontro dos menos
favorecidos”.
49. Por hora/Por ora
As
duas expressões existem, mas dependem do contexto. “Por hora” está
relacionada a um intervalo de 60 minutos: “Pedala 20 km por hora”. “Por
ora” significa, simplesmente, “por enquanto”.
50. Ratificar/Retificar
Verbos com sentidos bem diferentes: “ratificar” é confirmar; “retificar” é corrigir.
Fontes: (O Globo)
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